segunda-feira, março 14, 2011

Ê, VIDA URBANA...


 Gentileza: Qualidade ou caráter de alguém nobre, generoso. Delicadeza/Amabilidade.


Desde que o mundo é mundo, desde que a nossa linguagem ainda era a onomatopéica, algumas atitudes já eram da essência humana... E eu que acho bonitinha a Teoria Existencialista, falando disso? Mas vamos partir do princípio de que o homem, seja ele o habilis, o erectus ou o sapiens, já esbanjava algumas facetas de gentileza!


Pois bem...  


A típica cena de elevador. Alguém consegue enxergar, mesmo que perifericamente, o ser humano que fica subindo e descendo com você, zilhões de vezes por dia, de andar em andar? Ele certamente deve atender por algum nome...


Ah, mas o motorista do ônibus você cumprimenta, que eu sei! Fez de conta que não o viu? Mas e o cobrador? Ele sobreviveu à tecnologia dos cartões de passagem, sabia?  Você passa de olhos fechados, pra ter a sensação de rodar a catraca, se imaginando num parque de diversões, não é? Ok, ok.


Agora sim, vai ser unânime! A moça da faxina do lugar em que você trabalha... Sim, ela também faz parte do quadro de pessoas que contribuem com a empresa. Lógico que você sabe o nome dela. Deve saber também, naturalmente, se ela passou um bom fim de semana... É  de praxe desejar na sexta-feira um fds bão para todos. Ou não faz mais parte da rotina da civilização?


Dia desses presenciei a cena de um deficiente visual, o cara que é cego, sabe? Então, vinha ele “atento” ao percurso livre de obstáculos que evidentemente toda boa grande cidade se preocupa e, tipo, sem querer esbarrou em duas jovens meninas bem bonitinhas, bem cheirosinhas e bem alheiazinhas. 
O cara não viu. Daí esbarrou, entenderam? Bom,  ele pediu desculpas, fitando as meninas olho no olho. Ou vocês não sabiam que os cegos têm um olho reserva, de alma? Pois tem.


Mas a nova geração ali presente, ignorou. Fez até cara feia. E deixou que ele seguisse, tateando, pra atravessar a avenida.
Ê mundo sur(real)!


O quão espantoso é ser gentil nos dias de hoje. Abrir mão de uns minutos do nosso cotidiano e aplicar gentilezas...Ops, calculei mal. Acabei de dizer um “muito obrigada” e cronometrei: 00:00.9. Isso significa milésimos de segundo???

Uma história da carochinha:

Era uma vez um tal de José Datrino. Durante algum tempo, procurou amansar burros para o transporte de carga, sua atividade. Um cara simples e loucamente gentil, vivia nas ruas do Rio de Janeiro. Plantou jardim e horta sobre as cinzas de certa tragédia. Sentia prazer em criar painéis de caligrafia singular, ressaltando aos que passavam “...apressados pelas ruas da cidade(...)palavras de gentileza”.


A partir de um dado momento de sua trajetória ímpar, passou a ser conhecido como José Agradecido ou, mais popularmente, o Profeta Gentileza.


Hoje, está enterrado no Cemitério DA PAZ...


P.S.: Postagem sugerida e dedicada a uma pessoinha lindamente gentil, que exala nos olhos um brilho incomum de satisfação, por continuar recebendo da Dona Maria, a faxineira de seu local de trabalho, um sorriso diário de agradecimento por um chocolate recebido há umas tantas semanas atrás...
A Dona Maria não passa mais despercebida. Ela existe! Que bom, né?

2 comentários:

  1. Como é delicioso passear simultaneamente por expressões irônicas e singelas, por uma mensagem simples e igualmente importante. Escreve mto, manja mto! Uma pena que a pauta seja um alerta ao invés de ser uma prática da maioria.

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