quarta-feira, março 09, 2011



Segundo Arnaldo Antunes: “A coisa mais moderna que existe na vida é envelhecer...” Ocorre que, não se pode envelhecer. Ao menos, não se pode fazer isso em paz!  A maior desobediência civil de todos os tempos é envelhecer.

Dia desses fui provocada por todos os espelhos de minha casa. Eles se multiplicaram. Incrível! A cada passo que eu dava, havia o reflexo de minhas rugas que, até então, só eram de expressão e não de velhice. Caí em mim e fiz as contas... Se eu nasci na década de... Tipo, naquela da “calça boca de sino”. Pois bem, eu tenho “x” anos. Ok, ok. Mas não faz tanto tempo assim, eu assistia ao Gargamel tentando capturar impiedosamente a pobre Smurfette; eu consumia alopradamente o legítimo XAXÁ de banana e abacaxi; eu tinha a bota da Xuxa e já torcia pelo SPORT! 

Década de 80... Ácido retinóico em pauta. Mas eu AINDA não tinha rugas, nem de expressão... E, portanto, eu não era velha, não precisava fazer reforma alguma.
 A pior parte do processo de envelhecimento é a sócio-cultural, exatamente devido aos “valores”, às crenças e aos estereótipos. A recepção é negativa. Não fazer parte, como consumidores, da indústria de cosméticos milagrosos, é se enquadrar no rol dos desleixados, entregues e insatisfeitos com a vida.

Eu só acho desnecessário, descabido, absurdo, buscar desvios desonestos para fracionar a própria vida, sabotando a trajetória naturalíssima que a cerca. Beleza é plenitude de alma. Ou beleza seria mudar meu sobrenome para Germana RETINÓICO da Silva BOTOX?
Eu não desejo ficar sem marca, sem cara, um limbo sem idade. Minhas marcas, de expressão ou de rugas, elas têm valor. Quero sim, conservar a MINHA beleza com a serenidade e o charme, peculiares APENAS à velhice.


Faço parte da geração X e sou filha da geração Baby Boomers, ora, pois! 


 
"Envelheci,
tenho muita infância pela frente."

Fabrício Carpinejar



 

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